Interlunar

A escuridão espera por ela, independente de qualquer ocasião;
como a tristeza, está sempre disponível.
Esta é apenas de um tipo,

o tipo em que existem estrelas
acima das folhas, brilhantes como pregos de aço
e incontáveis ​​e sem se notar.

Caminhamos juntos
sobre folhas mortas e molhadas na lua intermédia
entre as rochas nocturnas iminentes
que seriam cinza rosada
à luz do dia, roídas e amolecidas
por musgos e samambaias, que seriam verdes,
no cheiro a mofo de fermento fresco,
de árvores apodrecendo, terra regressando
a si mesma para si mesma

e seguro a tua mão, que tem forma de uma mão
se realmente existisses.
Desejo mostrar-te a escuridão
de que tens tanto medo.

Confia em mim. Esta escuridão
é um lugar onde podes entrar e estar
tão seguro quanto em qualquer lugar;
podes colocar um pé na frente do outro
e acredita no que vês p'lo canto dos olhos.
Memoriza-o. Saberás tudo isso
novamente em seu próprio tempo.
Quando as aparências das coisas te abandonarem,
terás ainda essa escuridão.
Algo teu que podes transportar contigo.

Chegamos ao limite:
o lago exala silêncio;
na noite, lá fora, há uma coruja de barro
chamando, como uma mariposa
contra a orelha, da outra margem
que é invisível.
O lago, vasto e adimensional,
tudo duplica, as estrelas,
as pedras, em si, até mesmo a escuridão
em que podes andar tanto tempo
até que em leveza se torne




Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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