Nada

Nada como o amor para devolver o sangue
à linguagem,
a diferença entre a praia e as suas
rochas & fragmentos discretos, um disco
cuneiforme e a terna letra cursiva
das ondas; ovos de peixe líquidos & ósseos, deserto
& sapal, um salto verde para
além morte. De novo as vogais 
aumentam como lábios ou dedos molhados,
e os próprios dedos
movem-se em redor como que
suavizando seixos em redor da pele. O céu
não está vazio e ali, tão perto
contra os teus olhos, fundido, tão perto
que o podes provar. Tem o gosto de
sal. O que te toca
é tudo aquilo em que tocas.




Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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