Poema Nocturno
Nada há a temer,
é apenas o vento
mudando para leste, é apenas
o teu pai o trovão
a tua mãe a chuva
Nesse país de água
com a lua húmida como um cogumelo,
os cepos afogados e longos pássaros
que nadam, onde o musgo cresce
em todos os cantos das árvores
e a sua sombra não é sombra
mas o seu reflexo,
os teus verdadeiros pais desaparecem
quando a cortina cobre a tua porta.
Nós somos os outros,
os que vivem debaixo do lago
ficando em silêncio ao lado da tua cama
com as nossas cabeças das trevas.
Viemos para te cobrir
com lã vermelha,
com lágrimas e sussurros distantes.
Balanças nos braços da chuva,
a fria arca do teu sono,
enquanto esperamos, a tua noite
pai e mãe,
as nossas mãos frias, a lanterna apagada,
sabendo que não somos senão
sombras que oscilam lançadas
é apenas o vento
mudando para leste, é apenas
o teu pai o trovão
a tua mãe a chuva
Nesse país de água
com a lua húmida como um cogumelo,
os cepos afogados e longos pássaros
que nadam, onde o musgo cresce
em todos os cantos das árvores
e a sua sombra não é sombra
mas o seu reflexo,
os teus verdadeiros pais desaparecem
quando a cortina cobre a tua porta.
Nós somos os outros,
os que vivem debaixo do lago
ficando em silêncio ao lado da tua cama
com as nossas cabeças das trevas.
Viemos para te cobrir
com lã vermelha,
com lágrimas e sussurros distantes.
Balanças nos braços da chuva,
a fria arca do teu sono,
enquanto esperamos, a tua noite
pai e mãe,
as nossas mãos frias, a lanterna apagada,
sabendo que não somos senão
sombras que oscilam lançadas
por uma vela, nesse eco
que ouvirás vinte anos mais tarde.
Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa
Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa