Variações sobre a Palavra Sono
Gostaria de te observar dormindo,
o que pode não acontecer.
Gostaria de te observar
dormindo, gostaria de dormir
contigo, para entrar em teu sono
enquanto a tua suave onda escura
desliza sobre minha cabeça
e caminhar contigo por essa brilhante
e ondulante floresta de folhas verde-azuladas
com o seu sol aquoso & três luas
em direcção à caverna onde vais descer,
em direcção ao teu pior medo
Gostaria de te dar o ramo de prata,
a pequena flor branca, a única
palavra que irá proteger-te
da dor no centro
do teu sonho, da dor
no centro. Gostaria de seguir-te
quando sobes novamente a longa
escada & de me transformar
no barco que cuidadosamente
te levaria de volta, uma chama
nas duas mãos em concha
para onde o teu corpo está
ao meu lado, e entras en mim
tão facilmente quanto respiras
Gostaria de ser o ar
que te habita por um momento
apenas. Gostaria de ser tão invisível
& tão necessária.
Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa
o que pode não acontecer.
Gostaria de te observar
dormindo, gostaria de dormir
contigo, para entrar em teu sono
enquanto a tua suave onda escura
desliza sobre minha cabeça
e caminhar contigo por essa brilhante
e ondulante floresta de folhas verde-azuladas
com o seu sol aquoso & três luas
em direcção à caverna onde vais descer,
em direcção ao teu pior medo
Gostaria de te dar o ramo de prata,
a pequena flor branca, a única
palavra que irá proteger-te
da dor no centro
do teu sonho, da dor
no centro. Gostaria de seguir-te
quando sobes novamente a longa
escada & de me transformar
no barco que cuidadosamente
te levaria de volta, uma chama
nas duas mãos em concha
para onde o teu corpo está
ao meu lado, e entras en mim
tão facilmente quanto respiras
Gostaria de ser o ar
que te habita por um momento
apenas. Gostaria de ser tão invisível
& tão necessária.
Margaret Atwood | Selected Poems II
Selected Poems & New 1976-1986
Houghton Mifflin Harcourt, 1987.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa