Clima
para Kent
Disseram que não tinham categoria para isso,
uma coisa híbrida que baptizaram
e enumeraram de qualquer forma. Os meteorologistas
não conseguiram deixar de ser
delirantes; o seu centro maciço e lento,
o seu corpo nascido no oceano
vindo para o interior em corpos, um inverno,
um tropical, uma coisa conjugada
que jamais ninguém vira; quão saudável
era, maravilhavam-se, quão
determinada - parte ciclone, parte nevão, parte furacão,
tornado, tudo isso,
tudo isso se aplica. Apontaram para mapas,
medições e gráficos;
lutaram para a localizar e prever
o que poderia fazer. São já inúmeras
as interrupções, encerramentos. Aqui catalogaste,
armazenaste o que poderíamos de precisar -
pilhas, velas, fruta enlatada, água engarrafada,
fósforos, o rádio
transistor. Ouvimos o vento;
esperamos. Estavas mais
inquieto do que eu estava, saindo
repetidas vezes para a varanda,
para ver por ti próprio, inclinando-te para ela,
como se ousasses desafiá-la,
testá-la, tocar-lhe na borda ou deixar
que ela te tocasse; antes que soubesses,
sabias que isso nos pouparia.
Claudia Emerson, impossible bottle: poems, Louisiana State University, 2015.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa