Não recomendaria o amor

 

Não recomendaria o amor



A minha cabeça parecia esfaqueada

por uma coroa de espinhos, mas brincava e andava de metro e escondia-me

nas casas de banho da escola para me masturbar e escrevia secretamente

sobre o inferno da adolescência porque eu era "diferente", o primeiro e o último da minha espécie

sufocando sensações agudas em piscinas e balneários, viciado em

lábios e genitais, louco por nádegas

que Whitman e Lorca e Catulo e Marlowe

e Miguel Ângelo

e Sócrates admiravam

e escrevi: Amigos, se desejam sobreviver, não recomendaria o Amor





Harold Norse, In the Hub of Fiery Force: Collected Poems 1934-2033.

Thunder’s Mouth, 2003.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

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