Ecologia

 

A amargura, aqui, não é coagulante ou conservante;

é, depois de tantos


anos, uma ecologia, algo que cultiva

como o musgo que cresce


entre as pedras do jardim; não confiando

o seu amor comprovado pela sombra,


deita-lhe leitelho cuja acidez

sabe ser agradável.


Como isto se atreve a lembrá-la da tia-avó

que a criou, da estola de vison


que usava para ir à igreja, coisa preciosa, criada em gaiola,

criada para o pescoço.


Lembra-se da pequena corrente que a prendia,

a forma como parecia segurar


as suas patas traseiras nos seus dentes, o brilho do espelho

dos seus olhos. A forma como a via


a ela e só a ela.




Claudia Emerson, impossible bottle: poems, Louisiana State University, 2015.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

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