para poema - 21

 

estou de costas a pingar estrelas de lábios salpicados de espuma

num campo de crisântemos flamejantes

feras bizarras dançam

luas mescalinas derretem em diamantes

o selo de salomão explode

o rio eléctrico flui

riachos de santidade jorram entre as minhas pernas

dou à luz um narciso branco

seis varinhas brotam do chão

folhas de lótus brotam do olho

Poema Absoluto como um meteoro cai como um raio

esmagado pela Terra num rápido instante

correntes flamejantes de rubis inundam o Cosmos indiferente

estou a voar para fora do meu sangue

mu para poema - 29

Kurope marca o poema 1 dança vigílias loucas

no silêncio do espelho vazio

geme no mês

esquecendo

de renascer

um fim para as piedades imundas profetas

deixa-me beijar a t.ª luz




Harold Norse, In the Hub of Fiery Force: Collected Poems 1934-2033.

Thunder’s Mouth, 2003.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa



Notas:


1. mu é um conceito do Budismo Zen que significa o vazio, o nada.

2. Kurope na língua dravídica Kannada significa:

- um aparelho para cortar relva e nivelar o relvado;

- bondade que excede o que se espera ou exige justiça, bênção, misericórdia.

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