mais frequentemente à noite

 

Mais frequentemente à noite, quando dormes ao meu lado, e o ar está

áspero com todos os suspiros húmidos e frios do choro agudo de uma cidade,

embriagados enquanto vão ardendo como golpes,

Dirijo-me à janela, que no escuro parece distante, e com membros e pálpebras

pesados, espreito através do espaço dividido por estruturas de betão, altas e

vazias, e aí talvez me incline para além da simples distância

- tão profunda quanto esta vigília me transporta.

Será, então, algo mais profundo do que o sono nocturno que me deve descanso,

movendo-me em cavernas de carência como cavidades cruas e fétidas,

congeladas pela memória? A janela arrefece; a luz começa a esgueirar-se do céu,

regressando à cena do crime com uma furtividade proibida. Será que chegamos

demasiado longe quando nos inclinamos

de volta ao que já foi?




Harold Norse, In the Hub of Fiery Force: Collected Poems 1934-2033.

Thunder’s Mouth, 2003.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

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