a loucura da raça branca

 

Vejo-te agora uma máscara de múltiplas cabeças os olhos frios através de capuzes brancos

como outrora te vi no Alabama no estaleiro da Mobile a construir navios Liberty para

combater o terror nazi uma súbita agitação atrai-nos da chapa metálica para

o estaleiro uma multidão enlouquece gritando de ódio espancando um velho grisalho com

punhos canos de chumbo o seu cabelo negro arrancado o seu rosto negro esmagado 

o seu sangue negro derramado

os seus olhos negros atordoados a sua alma negra esmagada a sua vida perdida o meu rosto branco

chocado a minha voz branca troçava da minha alma branca atordoada a minha esperança branca

destruída pela loucura da raça branca


1941, Mobile, Alabama




Harold Norse, In the Hub of Fiery Force: Collected Poems 1934-2033.

Thunder’s Mouth, 2003.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa

Outros poemas

Memorando

Por Minha Própria Conta

Além de um tempo belicoso, trovejando

Barba Azul

Dinosauria, Nós

O Gueto

Num Poema

Acordado, deitei-me nos braços do meu calor e ouvi

Insónia