quando aprenderemos?

 

É um lugar triste e os invernos são solitários. A chuva destrói as suas

defesas, arrancando-lhe o sorriso dos dentes. Grito com os sacos de lixo de plástico,

enfurecendo-me sem sentido porque a loiça fica suja como a vida e não consigo aceitar

esse facto terrível. Refugias-te nas cores do arco-íris da tua guitarra e a

tristeza da imperfeição transforma-se milagrosamente em canção. Com a

habilidade emocional do cantor folk, agarrando-se ao penhasco da música,

penduras-te nas notas acima do fosso. Entro no teu quarto com vontade de partilhar

os sons que transformam a nossa doença, a minha boca a estalar de amor.

O meu sorriso volta a crescer quando os meus lábios formam palavras em torno

da música e os nossos sentimentos fluem

mais suavemente para o espaço de onde a chuva lenta recua.




Harold Norse, In the Hub of Fiery Force: Collected Poems 1934-2033.

Thunder’s Mouth, 2003.

Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa


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